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CONTRIBUIÇÃO
À METODOLOGIA DE ZONEAMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM
AQUÍFEROS FRATURADOS |
Franklin de Morais Este trabalho apresenta uma metodologia a ser aplicada
na Província Cristalina do Nordeste, definindo uma hierarquização
de domínios ou zonas, segundo o critério de favorabilidade
à exploração da água subterrânea. CONTRIBUTION TO THE METHODOLOGY OF GROUNDWATER ZONING IN FRACTURED AQUIFERS, NORTHEAST BRAZIL Franklin de Morais The present work describes a methodology, meant to be
applied in the Crystalline (Basement) Province of Northeast Brazil, according
to which an areal or zonal distinction is made, indicating more or less
favorable groundwater exploitation conditions. CONTRIBUIÇÃO À METODOLOGIA DE ZONEAMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM AQUÍFEROS FRATURADOS NO NORDESTE DO BRASIL Franklin de Morais A pesquisa da água subterrânea em rochas cristalinas e metamórficas representa um dos delicados problemas da hidrogeologia, por formarem estas rochas sistemas aquíferos anisotrópicos e heterogêneos. A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM vem desenvolvendo no semi-árido do Nordeste, programas que contemplam a elaboração de Cartas Hidrogeológicas na escala 1:100.000 tendo concluído, no âmbito da Superintendência Regional de Recife, as Folhas Currais Novos e Jardim do Seridó-RN; Juazeirinho e Sumé-PB; Monteiro-PB, PE; Afogados da Ingazeira-PE e Crateús-CE, totalizando uma área de 18.000 km², 90% dos quais representam a Província Cristalina constituída de sistemas aquíferos fraturados. Nos trabalhos citados foram usados procedimentos metodológicos que permitiram o zoneamento dos sistemas aquíferos fraturados, baseando-se em uma análise dos parâmetros morfológicos e estruturais, com o objetivo de definir uma hierarquização de áreas segundo a sua maior ou menor favorabilidade à exploração da água subterrânea. METODOLOGIA Com o objetivo principal de eleger áreas mais favoráveis à exploração de água subterrânea nos aquíferos fraturados foi elaborada a presente metodologia, que corresponde às seguintes atividades: 1 - Coleta de informações bibliográficas e inventário de pontos d'água: Na fase preliminar devem ser coletadas todas as informações disponíveis sobre os poços perfurados na área, incluindo perfis litológicos e construtivos, dados de ensaios de bombeamento e de análises químicas. A determinação das coordenadas geográficas é efetuada usando-se o sistema GPS (Global Positioning System). Esta fase envolve medições de nível estático e de condutividade da água, como informações complementares. 2 - Mapa geológico: O mapa geológico a ser aplicado deve ser atualizado, contendo informações sobre os principais complexos ou formações geológicas, no que trata da coluna estratigráfica, estruturas e litologia. 3 - Mapa de fraturas, mapa de isodensidade de fraturas
e mapa de isodensidade de intersecção de fraturas: O mapa
de fraturas detalhado será o suporte básico para a confecção
do mapa de isodensidade de fratura e de intersecção de fraturas.
O mapa de isodensidade elaborado a partir do mapa de isolíneas
de fraturas compartimenta a área em três classes principais:
a, b e c. A classe a corresponde às áreas com densidade
maior que quatro fraturas/km². A classe b, com densidade de duas
a quatro, a classe c com uma ou sem fraturas. 4 - Mapa morfológico (declividade): O mapa de declividade, dependendo da escala do estudo, poderá ser elaborado tendo como base os mapas topográficos cuja configuração está representada através de curvas de nível. A declividade será representada em mapa através de duas principais classes: A e B. A classe A possui declividade menor que 20%, a classe B superior a 20%. Esta última, por exemplo, é considerada como uma área de baixa favorabilidade na hierarquia das zonas, segundo a importância geológica relativa. 5 - Mapa de drenagem: O sistema de drenagem pode ser representado em caráter opcional através de três classes principais: I, II e III. A classe I possui densidade elevada de drenagem, a classe II apresenta densidade média de drenagem e a classe III, baixa densidade. 6 - Diagramas de produtividade/densidade de fraturas: Estes diagramas como contribuições complementares, possibilitarão definir uma hierarquia de famílias de fraturas segundo a produtividade, fornecendo subsídios para a locação dos poços nos aquíferos. 7 - Carta hidrogeológica - Zoneamento dos sistemas
aquíferos fraturados: Além das informações
sobre os complexos ou formações que ocorrem na área,
referentes a coluna estratigráfica, a litologia e a estrutura,
a Carta Hidrogeológica define um zoneamento da área estudada,
estabelecendo uma hierarquia quanto a sua vocação hidrogeológica
em quatro domínios principais: g4, g3, g2 e g1. Esta compartimentação
é possível através da combinação das
diversas classes classificadas por pesos para a densidade de fraturas,
declividade e densidade de drenagem. Quadro 1 - Classes de declividade, densidade de fraturas e densidade de fraturas combinadas, constituindo zonas para uso em mapas de zoneamento no ecossistema fraturado da região semi-árida do Nordeste O Quadro 2, por exemplo, mostra uma alternativa usando-se classes de declividade, densidade de fraturas e densidade de drenagem. Quadro 2 - Classes de declividade, densidade de fraturas e densidade de drenagem combinadas, constituindo zonas para uso em mapas de zoneamento de águas subterrâneas em aquíferos fraturados
RESULTADOS OBTIDOS NAS FOLHAS CRATEÚS, JUAZEIRINHO, SUMÉ E AFOGADOS DA INGAZEIRA O uso dos mapas de isodensidade de fraturas e morfológico trouxe resultados satisfatórios nos estudos efetuados nas Folhas Crateús, Juazeirinho, Sumé e Afogados da Ingazeira. O Quadro 3.1 (a, b, c, d) indica os valores médios obtidos a partir do tratamento da produtividade (vazão específica) dos poços para cada domínio. Constatou-se uma confirmação da hierarquia definida pela metodologia em tela nas áreas estudadas. Quadro 3.1 - Valores de produtividade, vazão explorável média dos poços e resíduos secos por zonas ou domínios nos aquíferos fraturados Quadro 3.1a - Folha Crateús Quadro 3.1b - Folha Juazeirinho Quadro 3.1c - Folha Sumé Quadro 3.1d - Folha Afogados da Ingazeira As famílias de fraturas com melhores resultados de produtividade definidas, usando os diagramas de direção e fratura/produtividade, estão representados no Quadro 3.2. Quadro 3.2 - Famílias de fraturas com melhores resultados de produtividade nas Folhas Juazeirinho, Sumé e Afogados da Ingazeira
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Considerando que 56% da área do Polígono
das Secas corresponde à Província Cristalina, merecem maior
atenção estudos visando uma seleção de áreas
mais favoráveis para atender a programas de perfuração
de poços, para a população animal e, em menor proporção,
para o consumo humano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MORAIS, F. de - Hidrogeologia - Folha Juazeirinho. Programa Levantamentos
Geológicos Básicos do Brasil. Brasília, CPRM, 1993.
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